sexta-feira, 7 de março de 2014

A corrida pelo Palácio dos Bandeirantes e as nossas trágicas opções

Leonardo Matos
07 de março de 2014

A corrida ao Palácio dos Bandeirantes terá início e breve. Inúmeras questões serão colocadas em debate durante a disputa eleitoral e, infelizmente, a maioria delas serão tratadas de forma superficial e pontual, quando na verdade são questões cuja profundidade e potenciais desdobramentos políticos fazem com que sejam questões estratégicas, de âmbito nacional e até continental. A segurança pública é uma destas questões.

Não é segredo, aos que acompanharam as últimas eleições no estado de São Paulo, que o comando do estado mais importante da federação provavelmente será uma disputa entre o auto denominado, Partido dos Trabalhadores (PT) e pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Uma disputa cujos desdobramentos estratégicos para o Estado de São Paulo e para o Brasil podem ser decisivos.

O PSDB, classificado erroneamente pela crônica brasileira como “direita” (já que no Brasil não existem, de fato, partidos fortes e doutrinariamente de direita) representa no espectro político uma esquerda moderada, a da Social Democracia. A proposta ideológica desta corrente é o estabelecimento de uma espécie de socialismo democrático. Criada por partidários do marxismo, a social-democracia acredita que a transição para uma sociedade socialista deve ocorrer sem rupturas revolucionárias, mas por meio de uma gradual reforma legislativa do sistema capitalista a fim de torná-lo mais igualitário

Os tucanos, como são chamados os integrantes do PSDB, comandam o estado de São Paulo há 20 anos e, consequentemente, possuem neste período o controle da Polícia Militar do Estado de São Paulo, uma Força Armada com mais de 80 mil integrantes, só na ativa, e que é maior do que qualquer uma de suas coirmãs de outros estados.

Os policiais militares de São Paulo sabem muito bem que os governos do PSDB, ao longo dos últimos 20 anos, não representaram necessariamente um paraíso para as forças policiais do estado, bem como para a segurança pública paulista.

A adoção da ótica esquerdista de considerar os bandidos como vítimas da sociedade, bem como o ódio pessoal que alguns governadores nutriam pela Polícia Militar, como o caso do ex-governador Mario Covas, infelizmente transformaram o “Estado Bandeirante” no berço da facção criminosa denominada “PCC”, com a qual supostamente o governo do estado teria feito um acordo em 2006 para que fossem encerrados os ataques terroristas em solo paulista.

Sabendo que o PSDB não é, nem de longe, o ideal para dirigir os destinos de São Paulo, chamo a atenção, no entanto, para um fator estratégico, um perigo institucional contra as liberdades individuais e a liberdade de expressão da população paulista e brasileira. Este perigo reside justamente nesta situação em que o PSDB, por sua própria incompetência, deixou o estado de São Paulo, deteriorando sua força e deixando caminho livre para que seu irmão, um pouco mais à esquerda no espectro político, o PT, pudesse conquistar o Palácio dos Bandeirantes nas próximas eleições.

O PT, segundo maior partido do Brasil representa, no espectro político, uma radicalidade à esquerda muito maior que o PSDB. Surgido em 1980, fruto de uma união entre sindicalistas marxistas, intelectuais de esquerda e católicos ligados à teologia da libertação, o partido reuniu ideologicamente a corrente gramsciana do marxismo, tentando procurar novas formas de implantar o socialismo após o evidente fracasso da tentativa soviética. Até hoje o partido não esconde sua face marxista clássica, ainda que publicitários como Duda Mendonça tenham tentado revestir o marxismo petista com um verniz de social-democracia.

Longe do seu discurso moderado, que o levou ao Palácio do Planalto, a realidade petista é que inúmeros documentos do Foro de São Paulo (uma organização marxista sul-americana) mostram, por exemplo, a ligação do PT com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, organização marxista, que utiliza o terrorismo e a luta armada para lutar contra o governo Colombiano.

É fato público e notório que o ex-presidente da república Luis Inácio “Lula” da Silva, não só apoiou, como fez campanha aberta para a eleição de Nicolas Maduro, atual presidente da República Bolivariana da Venezuela, o qual recentemente colocou as sua próprias Forças Armadas nas ruas da capital Caracas para reprimir manifestações convocadas pelo líder da oposição venezuelana, Leopoldo López.

Em que pese as trapalhadas e o descaso com que os governos tucanos dos últimos 20 anos tenham deixado a segurança pública em São Paulo, quero chamar aqui atenção para uma questão que, a meu ver, situa-se estrategicamente acima das questões estaduais, a ameaça real às liberdades e à democracia que a chegada do PT ao governo paulista poderá eventualmente representar.

Caro leitor, a Polícia Militar do Estado de São Paulo é uma instituição hierarquizada, cujo Comandante em Chefe é o governador do estado. São mais de 80 mil homens e mulheres, somente na ativa, armados e com a missão de, sob comando do governador, reduzir os índices de criminalidade e levar sensação de segurança à população do estado. Como já citado, é umas das maiores forças armadas da América Latina, sendo muito maior do que qualquer uma das Polícias Militares do Brasil.

Conhecendo o orientação ideológica do PT, conhecendo seus contatos e a natureza do apoio que tal partido demonstrou para governantes autoritários, como o exemplo de Nicolas Maduro na Venezuela, nós podemos ter uma breve noção do perigo, para a liberdade do povo paulista, que reside no fato de o PT estar no controle de uma instituição como Polícia Militar de São Paulo.

Além dos perigos já citados, denúncias feitas pelo ex-secretário Nacional de Segurança do governo Lula, o Delegado Federal Romeu Tuma Jr., em seu livro “Assassinato de Reputações”, apesar de, sejamos justos, ainda carecerem de confirmação e comprovação, são válidas ao menos para nos fazer vislumbrar como uma instituição policial, sob comando direto do Partido dos Trabalhadores, pode ser utilizada para fins políticos, visando seus objetivos de curto e longo prazo.

Segundo Romeu Tuma Jr., o PT tenta transformar a Polícia Federal em uma polícia política, que grampeia pessoas, seleciona trechos de conversas, pinça frases, descontextualiza diálogos, cria enredos e manda gente para a prisão por “achismo” e dedução. Faz necessário novamente lembrar ao leitor que o ex-secretário ainda não comprovou suas denúncias, o que prometeu fazer em seu próximo livro.

O fato é que, chegando ao Palácio dos Bandeirantes o partido passará a deter o controle policial, não apenas do estado mais rico e mais importante da federação, mas do País como um todo, já que Polícia Militar de São Paulo é maior que todas as suas coirmãs dos outros estados, e nesse aspecto reside um perigo estratégico ainda maior do que o crime organizado que o PSDB deixou florescer livremente em solo paulista.

O quadro estratégico é lastimável, caro leitor. A não ser que uma intervenção divina faça surgir uma terceira força, independente de PT e PSDB e que não tenha orientações marxistas, o eleitorado paulista terá que escolher entre dois caminhos difíceis.

Por um lado, o PSDB, um partido de esquerda moderada, que já demonstrou sua dificuldade em gerir a segurança pública paulista, que não valoriza os policiais como deveria(e como é o anseio de longa data destes profissionais), que deixa acirrar-se a animosidade entre as polícias civil e militar e que deixou florescer, sob sua administração, uma organização criminosa que ganhou contornos nacionais e hoje ameaça a segurança, não apenas do povo paulista, mas do povo brasileiro.

Por outro lado, um partido mais radicalmente a esquerda, que tem ligações diretas com os guerrilheiros colombianos das FARC, que apoiou ostensivamente e militou na campanha do presidente venezuelano, Nicolas Maduro, o qual agora utiliza as suas próprias Forças Armadas contra os manifestantes opositores, um partido que demonstrou tendências claras de aparelhamento policial do estado e que convive rotineiramente com as denúncias de que utiliza tal aparelhamento da Polícia Federal em proveito político próprio.

A solução não é simples, e nem tenho a pretensão de fornecer a resposta definitiva para a questão. No entanto, devemos levar em consideração que se optarmos por arrancar do PSDB o comando do estado de São Paulo, ainda assim não existirão garantias de que o PT irá conseguir derrotar o crime organizado em São Paulo bem como não existem garantias de que irá adotar uma política de valorização dos policiais, ainda que isso seja uma promessa de campanha.

Mas se, ao contrário, optarmos por impedir que o PT chegue ao controle da maior força policial da América Latina, estaremos perpetuando no poder aqueles que deixaram florescer livremente em solo paulista a maior organização criminosa contemporânea no Brasil, sob a velha proposta esquerdista de considerar os criminosos como vítimas da sociedade.

Ambas as situações são trágicas, é verdade, mas nos cabe decidir se ainda é preferível um governo ineficiente com uma polícia independente para lutar contra o crime organizado ou um governo extremamente eficiente em aparelhar a polícia e utiliza-la para fins políticos, governo este que potencialmente se transfigurará, ele próprio, no crime organizado.

3 comentários:

  1. A incrível e singela lucidez dos cidadãos ainda está viva, descrita com clareza neste texto. Resta saber se os cidadãos de São Paulo e do Brasil, vão encontrar o caminho para um equilíbrio sadio para nosso povo. Deus seja louvado.

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  2. É desesperador ler textos... Assim e saber que a população "Pão e Circo" não faz nada e ainda vão mandar de volta aos cargos... Estes Marqueteiros vão entrar para a História como os maiores "causadores de mal a este País...Porque sabem que o produto não presta e assim mesmo utiliza técnicas de venda para empurrar nos eleitores desavisados... Deus nos Ajude....

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